Contos e Lendas
*Relatos de um Soldado
Maradia, 23/04/4324 Prometi a minha família que contaria tudo sobre as novas terras uma vez que retornasse, então para me ajudar a recordar dos eventos mais importantes resolvi reuni-los neste diário. Me sinto meio infantil fazendo isso, mas acho que será uma boa ideia ao final...explorar um continente novo fornece uma grande variedade de situações que valerão a pena recordar.
Azgherdia, 26/04/4324 Os preparativos finais estão sendo feitos e os navios estão terminando de ser carregados. Estamos levando um contingente razoável de soldados para esse novo mundo, afinal não temos ideia do que iremos encontrar por lá, mas seja o que for tenho certeza que Rhond e nossas armas garantirão nossa soberania.
Nimbdia, 18/05/4324 A viagem é longa e há pouco para se fazer no navio. Até agora seguimos sem nenhum grande problema, as águas estão calmas e o vento se mantém favorável... O Oceano deve estar nos prestigiando.
Marardia, 27/05/4324 Oceano mostrou quão imprevisível pode ser....ontem a noite, em questão de um piscar de olhos uma tempestade terrível se formou. Nunca vi ondas como aquelas e os ventos pareciam bestas terríveis. A pouca visibilidade por causa da chuva não ajudou também... Por causa disso não consegui chegar a tempo em um soldado que não se segurou adequadamente e caiu no mar. Por mais altos que estivessem os ventos, consegui escutar outros gritos, então só posso supor que outros tripulantes foram lançados à própria sorte nas águas. Todos sabíamos que todas as etapas dessa viagem apresentariam riscos, só sinto por eles não terem sido capazes de ver o novo mundo.
Khalmyrdia, 11/06/4324 Novamente voltou a calmaria... Nada significante ocorreu, mas vim escrever para não me esquecer totalmente desse meu pequeno projeto. Vejamos o que posso colocar aqui.... Um dos meus companheiros de navio fisgou um peixe de uns 6 kg (bastardo sortudo), outro de uma hora pra outra começou a ter enjoo marítimo e, deixe-me ver....Ah, limpei totalmente um cara nos dados, deixei ele apenas com as cuecas.
Winnirdia, 33/06/4324 Terra à vista!! Bem, eu não sei realmente, mas foi o que o tripulante do caralho afirmou, segundo ele devemos alcançar a costa amanhã. Finalmente!! Marardia, 03/07/4324 A terra avistada terminou por ser uma ilha. Mas isso veio a calhar, o General determinou que servirá de base para a exploração e colonização do continente que se encontra não muito adiante. Essa ilha é habitada apenas por feras e criaturas, nenhuma realmente perigosa apareceu e, embora uma ou outra tenha tentado nos atacar, nossas armas honraram Rhond e cumpriram seu propósito.
Azgherdia, 06/07/4324 Chegamos ao continente, desembarcamos próximos a uma grande baía que adentra mais a terra. Creio que esse seria um excelente lugar para um porto. A terra aqui não parece ser muito boa e, apesar do frio, sinto que minha pele está queimando semelhante a ficar muito tempo sem as roupas no sol em casa. É estranho. Fizemos um acampamento ao desembarcar e começaremos a descer a floresta pela manhã. Tenedia, 15/07/4324 Tem alguns dias que não escrevo, mas tive pouco tempo para isso. A floresta se mostrou traiçoeira e fomos atacados por algumas criaturas desconhecidas... 5 homens morreram antes de percebermos o que estava acontecendo, mas conseguimos abater 10 seres após nos organizarmos. Outros grupos parecem ter tido encontros semelhantes, mas com mais sorte que o meu...Nenhuma informação sobre outros falecimentos. Desde então temos andado sempre vigilantes e alternamos turnos de guarda de 8 em 8 horas e por isso quando não estou marchando ou vigiando, estou dormindo.
Khalmyrdia, 21/07/4324 Outro ataque. Dessa vez foram seres mais organizados e belicamente avançados...Digo isso pois não eram bestas atacando com suas garras e dentes, mas com armas e magia. Dessa vez ouve de fato uma luta, Cerca de 12 soldados Zharkovianos foram mortos e 22 deles. O pobre coitado que perdeu tudo pra mim no navio está entre os mortos...Uma pena, o sujeito era legal.
Nimbdia, 25/07/4324 Agora talvez possamos respirar um pouco. Saímos da floresta para uma área descampada e, aparentemente, faremos um pequeno assentamento aqui antes de prosseguir. Um pequeno grupo de batedores retornou para pedir mais reforços e avisar dos avanços. Winnirdia, 36/07/4324 Nada demais ocorreu nesses últimos dias, vimos algumas criaturas ao longe, mas não nos atacaram então nosso trabalho foi apenas ficar de guarda, manter e fortificar um acampamento. Os reforços chegaram nesta tarde, finalmente, e o general decidiu que iremos nos dividir em grupos menores para aumentar a área de exploração. Serão o total de 5 grupos, sendo 4 destacações para explorar e 1 para ficar de guarda nesse posto avançado. Os grupos irão para o norte, leste, sudeste e sudoeste...Estarei no grupo do leste. Partiremos em 3 dias.
Winnirdia, 08/08/4324 Temos avançado sem tanta dificuldade, algumas criaturas nos atacaram, mas não sofremos baixas. Ao longe podemos ver uma grande cadeia de montanhas, mas não temos como dizer qual seu tamanho completo, só posso afirmar que, mesmo distante, seu tamanho é muito impressionante. Tenedia, 12/08/4324 Sofremos uma emboscada ao nos aproximarmos de uma nova floresta. Creio que eles estavam nos observando a tempos, pois assim que estávamos no alcance, recebemos uma saraivada de flechas e guerreiros apareceram (estavam escondidos até mesmo sob a terra)... Foi uma luta realmente difícil, devemos ter perdido metade da nossa força e eu ainda fui ferido no ombro. Mas ainda assim a superioridade das armas de Zharkov nos garantiram a vitória. Teremos que acampar para recuperar as forças e depois recuar para pedir reforços.
Marardia, 15/08/4324 Algo está estranho. Estou realizando uma vigília junto com outros companheiros, mas a noite está.... diferente. Sinto que algo irá acontecer. Nosso grupo ainda não está totalmente recuperado, mesmo meu ferimento ainda me atrapalhando em combates. Que Rhond mantenha nossas armas afiadas e corpos fortes caso alguma batalha aconteça...
Estou perdido Não sei nem mesmo que dia da semana é esse... faz dias que estamos fugindo, eu e mais 3 soldados. Eles nos atacaram de novo durante a noite, seus números superiores aos nossos... Céus, aquilo foi um massacre... Vi um homem ser carbonizado na minha frente, enquanto outro se ajoelhava tentando colocar seus intestinos de volta no corpo... Nunca pensei ver algo como isso. Peço perdão a minha família e a Rhond pela desonra que os trago ao fugir da luta, mas...não consegui. Estamos tentando voltar para o posto avançado, ao menos, para avisar do ocorrido. Creio que não conseguiremos, sei que ainda estão nos seguindo. Se nos alcançarem e esta for a última vez que aqui escrevo.... Meu nome é Nushir Alharib, soldado Zharkoviano, desertor covarde e indigno da honra de participar dessa campanha. Céus... o que eu não faria para ver minha filha pela última vez...
*Eídos
Apesar de odiar suas viagens repentinas e longas, eu adorava quando meus pais voltavam pra casa, contando histórias de suas viagens e descobertas. Lembro de minha mãe entrando na sala, carregando uma xícara com chá de ervas doce com canela e limão. Colocou a xícara em minhas mãos, me envolveu no grande casaco de pele de meu pai e se sentou confortável ao meu lado na lareira. Lembro de encará-la sem nem conseguir piscar esperando pela história que ela teria a me contar dessa vez... “Há muito tempo existiu uma cidade, escondida no meio deserto de Cyr, chamada de Kozug, construída onde ficava um grande oásis de água infinita. Eles eram liderados por um ser extraordinário. Um homem poderoso e gentil, que protegia a cidade contra as criaturas do deserto, que acabava com tempestades de areia apenas com um sopro, que curava os enfermos e que jamais envelhecia. Ele já residia no oásis quando os Kozuganos chegaram e os recebeu de braços abertos, jurando proteção, contanto que nunca contassem ao mundo sobre a sua existência. Mas um dos nativos se rendeu a ganância, viajou aos arredores do deserto e contou sobre a existência desse ser aos reis de três cidades. Os três reis se aliaram e decidiram ir até a cidade de Kozug com centenas de soldados e com um artefato mágico perigosíssimo para roubar os poderes Dele. Porém, nada disso foi suficiente, já que, seja lá o que Ele fosse, era mais poderoso do quê os três reis junto com seus exércitos. Ele derrotou os três reis com imensa facilidade, mas ele não era cruel, pelo contrário, foi muito misericordioso e permitiu que os três reis vivessem. Então, um dos reis sugeriu como forma de agradecimento que eles fizessem artefatos encantados para presenteá-lo. Os Kozuganos ficaram tão maravilhados que o levaram a um estado apoteótico, passaram a chamá-lo de Eídos, que eu acho que seja algo similar a Deus na língua nativa deles, e construíram um grande templo para sua adoração. Depois de certo tempo, os três reis vieram a Kozug para presentear Eídos, e foi feito um grande festival com música, comida e uma linda festa. O primeiro rei lhe deu de presente uma reluzente luva de bronze, com uma matriz cristalina e brilhante no centro, esse foi o presente favorito de Eídos, pois se tratava de uma luva mágica. O segundo rei lhe deu de presente uma ampulheta de prata preenchida com areia vermelha que, ao ser virada, fazia o tempo voltar, mas por apenas alguns segundos. Eídos escolheu um dos seus seguidores, uma mulher grávida, e entregou a ampulheta como um presente para o seu filho. Já o terceiro rei foi maldoso, presenteando Eídos com uma coroa dourada com um imenso cristal vermelho. Ela estava amaldiçoada e, no momento que ele a colocou na cabeça, percebeu que sua energia vital estava sendo extraída. Sem causar alarde, ele adentrou em seu templo onde, gastando suas últimas forças, destruiu a coroa, construiu no subterrâneo do lugar uma tumba protegida por magia e se trancou lá dentro, guardando a luva consigo, à espera do fim... Quando Eídos morreu, a cidade começou a morrer aos poucos, o Oásis secou, as tempestades de areia começaram a engolir a cidade e seus cidadãos foram pouco a pouco a abandonando... Hoje, só o que resta é a lenda do mausoléu, perdido no deserto, com a tumba e a manopla. Eu e o seu pai, um dia, vamos achá-la, mas agora é hora de o senhor dormir.” Hoje faz duas semanas que meu tio me contou que eles podem ter morrido e é a primeira vez na vida que eu me atrevi a tocar nas anotações deles, meu pai me mataria se soubesse... Os Cavaleiros de Enaith Myrdinn A Ordem de Cavaleiros de Enaith Myrdinn surgiu como um pequeno grupo de quatro jovens elfos da cidade de Thelora, capital do Reino Élfico do Norte, liderados por aquele que viria a nomear a ordem, o lendário Sir Enaith, a Estrela Vespertina. Com o intuito de servir como a guarda do rei Florin V, os seus membros foram moldados e treinados para serem combatentes impecáveis, independentemente de seus estilos de luta, para reduzir suas possibilidades de falha para praticamente zero. Os primeiros membros foram Sir Dove, Arco Forte, Sir Islif, a Dama de Ferro, Sir Rathan, Manto das Neves, e Sir Torm, Presa de Prata. Eles foram os primeiros aprendizes de Enaith, e, durante séculos, foram os responsáveis por passar os ensinamentos de seu mestre para outros jovens elfos, o que fez com que a Ordem crescesse, até tomar as proporções continentais que possui hoje. Enaith nunca pensou em sua Ordem como um bem exclusivo da cidade de Thelora, ele queria expandir o seu nome e glória por toda Bokislád. Então, sempre que a capital de um reino estava bem protegida e a Ordem lá bem estabelecida, uma pequena parte dos seus integrantes se deslocava a outro reino, para começar o ciclo mais uma vez. Atualmente, além da cidade de Thelora, a Ordem reside em três outros reinos: Estado Teocrático de Cyr, Império de Hernúmia e, por último, no Rainado de Rostos. Em Rostos, a Ordem é liderada por Sir Eidhar, Escudo do Reino, e é composta por outros cinco cavaleiros. Alguns fatos curiosos: a Ordem é composta única e exclusivamente por elfos, não distinguindo por gênero e não permitindo mestiços. Conta-se nas histórias que eles chegam à capital de um Reino com uma oferenda e se colocam a disposição do seu regente, oferecendo lealdade por toda a vida. É fácil de entender que, com tamanha fama, ninguém tenha recusado seus serviços até agora. Isso, ou eles simplesmente retiram os “nãos” de suas histórias. O fato é que eles estão entre os melhores e normalmente só são acionados como último recurso, então se você fez algo e alguém da Ordem de Cavaleiros de Einath Myrdinn apareceu, saiba que ou você está na merda, ou você é muito foda. Eu apostaria na primeira opção.